Governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), voltou a ser alvo de operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (12). Nessa nova operação, ele é suspeito de tentar atrapalhar as investigações da Operação Fames-19, que investiga desvios com cestas básicas.
O governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), voltou a ser alvo de operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (12). Ele é suspeito de tentar atrapalhar as investigações da Operação Fames-19 sobre o desvio de cestas básicas durante a pandemia.
A apurou que, às vésperas de seu afastamento no dia 3 de setembro, quando foi alvo de buscas da Fames-19, o governador deixou a casa onde morava “às pressas”, deixando luzes ligadas, comida sobre a mesa, um cofre aberto e vazio, além de um celular resetado em uma cômoda.
A Operação Nêmesis, realizada nesta quarta-feira, foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça e apura a possível prática de embaraço a investigação da Operação Fames-19, que investiga desvio de recursos públicos da Covid-19 e emendas parlamentares utilizadas para compra de cestas básicas durante a pandemia.
Ao chegarem a casa de Wanderlei, no dia da operação Fames-19, os policiais encontraram as luzes acesas em um dos quartos e uma televisão ligada. O aparelho celular, segundo a polícia, apresentava sinais de ter sido “resetado”, com o sistema restaurado para as configurações de fábrica.
Os policiais militares que faziam a segurança do governador deram versões conflitantes sobre o paradeiro de Wanderlei e da primeira-dama. O casal só foi encontrado horas depois na Fazenda Santa Helena, em Aparecida do Rio Negro (TO).
A suspeita da polícia é de que “os investigados tomaram conhecimento previamente da realização da diligência”.
“Muito provavelmente, tomaram conhecimento da ordem antes mesmo de seu cumprimento, atuando ativamente para subtrair documentos, equipamentos eletrônicos e, possivelmente, dinheiro em espécie para frustrar o escopo das investigações”, diz a decisão da operação Nêmeses.
A assessoria do governador afastado afirmou, em nota, que Wanderlei Barbosa recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal enquanto espera julgamento de recurso no Superemo Tribunal Federal e “ao mesmo tempo reitera a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições” (veja íntegra da nota abaixo).
A primeira-dama afirmou que repele as acusações infundadas de tentativa de embaraço às investigações e reiterou sua disposição em colaborar com a Justiça (veja nota completa abaixo).
Operação Nêmesis
A Polícia Federal cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins na manhã desta quarta-feira, para investigar a possível prática de embaraço à investigação de desvio de recursos públicos da Covid-19 e emendas parlamentares utilizadas para compra de cestas básicas durante a pandemia.
Segundo a Polícia Federal, as investigações tiveram início durante a deflagração da 2ª fase da Operação Fames-19, que afastou Wanderlei Barbosa no início de setembro, pelo prazo de 180 dias. A primeira-dama Karynne Sotero Campos, que era secretária extraordinária de Participações Sociais, também foi afastada. Os dois negam participação nos fatos investigados.
A PF identificou indícios de que alguns investigados teriam se prevalecido de seus cargos e utilizado veículos oficiais para retirar e transportar documentos e materiais de interesse da investigação. Isso causou embaraço às investigações, que ainda se encontram em curso e tramitam sob sigilo na Corte Especial do STJ.
A assessoria do governador Wanderlei Barbosa informou que durante as buscas desta quarta-feira foram levados celulares e, por enquanto, não vai se manifestar.
Afastamento de Wanderlei Barbosa
Wanderlei Barbosa e a primeira-dama foram afastados no dia 3 de setembro de 2025. A decisão foi do ministro Mauro Campbell, do STJ, mas depois foi referendada pela Corte Especial do órgão. Os dois são suspeitos de desvios de recursos públicos realizados em 2020 e 2021, momento em que foi declarado estado de emergência em saúde pública por conta da pandemia de Covid-19.
A Polícia Federal investiga crimes de frustração ao caráter competitivo de licitação, peculato, corrupção passiva, lavagem de capitais e formação de organização criminosa
Na época, Wanderlei seria o responsável pela Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), órgão que recebia os recursos que iriam ajudar a população durante a pandemia. Segundo a PF, Wanderlei Barbosa teria mantido um esquema de desvios através de contratações ilícitas.
As investigações apontam que Karynne teria intermediado as contratações, atuado na organização da parte documental, no cumprimento dos requisitos necessários ao recebimento de recursos públicos, e tomou ciência da distribuição das vantagens indevidas previamente combinadas.
Íntegra da nota de Wanderlei Barbosa
O Governador Wanderlei Barbosa recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal ao mesmo tempo que aumenta a expectativa pelo julgamento do Habeas Corpus que pode devolvê-lo ao cargo.
Ao mesmo tempo reitera a sua disponibilidade para colaborar com as investigações e mantém a sua confiança na justiça e nas instituições.
Íntegra da nota de Karynne Sotero
A primeira-dama Karynne Sotero repele as acusações infundadas de tentativa de embaraço às investigações feitas de forma anônima à Justiça.
Também lamenta a tentativa de intimidação contra seus familiares, inclusive a sua mãe, uma senhora de mais de 75 anos que acabou passando mal e tendo que ser hospitalizada.
Por fim, reitera a sua inteira disposição de colaborar com a Justiça para o esclarecimento dos fatos.
(Com informações do Portal G1 Tocantins)



