Hosmany Ramos: quem é o médico de 78 anos acusado de furtar celular em um mercado de Palmas

Identificado pela Polícia Civil, o “dr Ramos“, se calou na delegacia e devolveu o aparelho um dia depois, por advogado. Famoso nos anos 80 pelos crimes cometidos e pelas três décadas de cadeia, o cirurgião plástico recebeu indulto judicial em 2016, mas agora volta às páginas policiais.

O médico autuado em um inquérito policial por suspeita de furtar um celular Samsung Galaxy S20, avaliado em R$ 2,5 mil, no dia 9 de fevereiro, dentro de um supermercado e açougue no centro de Palmas, é Hosmany Ramos, de 78 anos.

A identificação do autor feita pelo delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia, Gustavo Henrique Andrade, ocorreu na análise das imagens do circuito de segurança do comércio, que, segundo ele, dá para “ver com clareza” como ocorreu o crime.

“A vítima estava na seção de frutas e enquanto escolhia o produto deixou seu celular sobre as bananas. O autor percebeu a distração da vítima e, astuciosamente, colocou dois cachos de bananas em cima para esconder o celular, fato que fez com que a vítima esquecesse do aparelho. Pouco depois, o autor percebe que a vítima não retorna, então pega uma sacola, retira as bananas de cima e se apossa do celular”, conta o delegado na página da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Capítulos policiais do passado

Reprodução de entrevista com o médico Ramos, durante o período em que era foragido da Justiça

Mineiro de Rubim, onde nasceu em 10 de fevereiro de 1945, Hosmany Ramos se formou em medicina no Rio de Janeiro, para onde se mudou aos 17 anos, e chegou a trabalhar na clínica do cirurgião Ivo Pintanguy, antes de se tornar um dos nomes famosos da história policial brasileira.

Na década de 1980 ele trocou a carreira médica por condutas criminosas que lhe renderam condenações em mais de 50 anos de prisão por homicídio, roubo de avião, de joias, estelionato e contrabando de veículos, entre outros crimes.

Encarcerado desde 1981 no interior paulista, o médico fugiu pela primeira vez em 1996 de uma penitenciária, após ser beneficiado pela saída de Natal, escapada que repetiria no ano de 2008.

Enquanto estava foragido, escreveu livros e acabou preso em agosto de 2009, com passaporte falso do irmão morto, quando tentava embarcar na Europa.

Hosmany Ramos se livrou de vez da cadeia de Mirandópolis, interior paulista, onde cumpria a pena, em 26 de setembro de 2016, quando recebeu o indulto pleno do Tribunal de Justiça, extinguindo a punibilidade de todos os crimes.

Reprodução do alvará que deu liberdade ao médico, em 2016, após indulto pleno do Judiciário paulista.

A ordem de soltura é assinada pelo juiz Henrique de Castilho Jacinto, então titular do Fórum de Araçatuba, noroeste paulista.

Em 2018, se lançou candidato a deputado federal por São Paulo, pelo Aavante, mas a Justiça Eleitoral barrou a candidatura ao julgar procedente a impugnação do Ministério Público, com base em processos de condenação.          

A justiça eleitoral paulista concluiu que ele não apresentou toda a documentação exigida para registrar a sua candidatura e indeferiu o pedido.

Ele recorreu com base no indulto, mas a Justiça Eleitoral entendeu o alvará de soltura e o documento referente ao indulto usados pelo médico não “eram suficientes para a identificação do objeto, tampouco do estágio processual em que se encontra o feito, pois, além de serem inconclusivos, não estão legíveis”.

Mantido indeferimento, ele recorreu ainda ao Tribunal Superior Eleitoral, que também o barrou com base na equivalência da extinção da pena ao cumprimento da pena, quando se trata de causa de inelegibilidade. Nesse entendimento, quem recebe indulto fica oito anos sem poder disputar eleições a partir da data da publicação do decreto, que é o marco inicial para contagem do prazo de inelegibilidade.

Retorno à medicina e ao registro policial

Seu retorno à medicina ocorreu no Tocantins, onde se registrou no Conselho Regional de Medicina (CRM-TO) sob o número 46888, no dia 7 de agosto de 2017. Desde então, passou a atuar em hospitais privados e clínicas particulares como cirurgião plástico.

Entre os procedimentos que ele oferece pelas redes sociais, estão a correções de ginecomastia (mama grande no homem), calvície feminina, transplante capilar, correção de “testa alta”, cirurgia plástica da intimidade, para olheiras, nariz, lábios, braço, coxa, orelha em abano, para obesos, pós-bariátrica e rejuvenescimento da mão senil, entre outros.

Com o Inquérito aberto pelo Boletim de Ocorrência de nº: 00013257/2023-A03, no dia 13 de fevereiro às 9h pelo delegado Gustavo Andrade, o “dr. Ramos” volta às páginas policiais pelo artigo 155 do Código Penal Brasileiro. O código considera furto a subtração, para si para outra pessoa, de coisa alheia móvel. A pena fixada é de reclusão de um a quatro anos e multa.

O furto que lhe é imputado, no supermercado e casa de carnes Globo, no centro da capital do Tocantins, acabou detectado pela vítima, uma médica de 35 anos. Ela não quis falar com a reportagem e, por isto, não está identificada nesta matéria.

Confira abaixo o vídeo do momento.

(Por Lailton Costa/Jornal do Tocantins)

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