15 de Novembro: De golpe em golpe a República se fez presente na História Política do Brasil

Infelizmente, o Golpe ainda não morreu!

Não sou monarquista, mas é impossível ignorar o legado trágico que a República brasileira carrega desde sua gênese. O movimento republicano de 1889 foi uma reação contra um imperador – Dom Pedro II– que, embora fosse um abolicionista, um estadista sensato e um amante da cultura, era visto como uma afronta para os que ansiavam por um novo rumo. Como pode um imperador, desprezando os vícios da corrupção e conversando sobre poesia com seus serviçais, ainda merecer o trono? Esse foi o raciocínio simplista que levou à articulação de um golpe militar que destituiu um dos maiores estadistas brasileiro e lançou o país em um ciclo interminável de corrupção.

A deposição de Dom Pedro II não foi apenas um ato político, mas um grande golpe contra a nação. Os membros da família imperial foram enxotados sem o direito de levar consigo nem mesmo suas joias ou roupas. Os cofres do império foram saqueados, e a partir desse momento, a República foi construída sobre as ruínas de um poder usurpado, dando início a uma era de golpes que moldariam a política brasileira.

Em novembro de 1891, o Marechal Deodoro da Fonseca, em um ato de desespero e autoritarismo, fechou o Congresso e declarou Estado de Sítio, estabelecendo um precedente perigoso. Em 1930, Getúlio Vargas deu um golpe que não apenas impediu a posse de Júlio Prestes, mas também instaurou um regime que resultaria na consolidação do poder sob sua figura, culminando no Golpe do Estado Novo em 1937.

A história continua a se repetir. A deposição de Vargas em 1945, forçada por figuras das Forças Armadas e ministros, selou o destino da Terceira República. E, claro, não podemos esquecer do Golpe Militar de 1964, que afastou o presidente João Goulart e instaurou uma ditadura brutal, marcada pela perseguição e pela repressão, esfacelando ainda mais a já cambaleante República, que matou jovens, aprisionou pensadores e deu lugar ao pensamento ultrapassado da louca e reacionária intervenção militar, que culminou na tentativa de golpe em 08 de janeiro de 2023, que tentou destruir os palácios do governo, do parlamento e da justiça em Brasília para devolver o poder a um ex-presidente derrotado nas urnas pela força do povo.

Esses episódios não são meras notas de rodapé na história; eles são capítulos de um livro que revela a fragilidade da democracia no Brasil. A classe política, desacreditada e corrupta, distribui benesses aos aliados enquanto exclui os opositores de direitos básicos. A narrativa de golpes tem sido um ciclo vicioso, onde o poder é constantemente tomado à força, e o povo se vê à mercê de decisões que não escolheu.

Alguém se lembra de mais algum golpe? Essa pergunta ecoa em nossas mentes, pois a história nos ensina que o caminho da República é repleto de armadilhas e emboscadas. É hora de refletir sobre o que isso significa para o futuro do nosso país e, principalmente, para a nossa democracia. Temos que garantir que a voz do povo seja ouvida e não silenciada por mais um golpe.

Infelizmente, o Golpe ainda não morreu.

Luís Poeta
Escritor

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