Iniciativa faz parte do mestrado em Geografia da UFNT – PPGEO, sob orientação da professora Vanessa Diniz, com apoio da Associação Amigos do Museu de Araguaína e da Associação da Comunidade Quilombola do Cocalinho.
O Quilombo Cocalinho, localizado em Santa Fé do Araguaia, Norte do Tocantins, tem sido cenário de uma importante pesquisa acadêmica que alia memória, identidade e resistência. Trata-se do projeto “Educação Patrimonial Decolonial no Quilombo do Cocalinho em Santa Fé do Araguaia/TO: Contribuições para a preservação da memória e do território”, desenvolvido pelo professor Régis Carvalho, mestrando em Geografia pela Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), sob orientação da professora Vanessa Diniz.
A pesquisa tem o apoio da Associação Amigos do Museu de Araguaína (AAMAR) e da Associação da Comunidade Quilombola do Cocalinho, e busca compreender como as práticas de educação patrimonial, quando orientadas por uma perspectiva decolonial, podem contribuir para o fortalecimento das tradições e para a defesa do território quilombola.
Segundo o professor Régis Carvalho, a proposta vai além da produção acadêmica — é uma ação viva de diálogo entre universidade e comunidade:
“O Cocalinho é um território de memória, resistência e saberes ancestrais. A pesquisa nasce do compromisso de ouvir essas vozes, registrar suas histórias e compreender como a educação patrimonial pode servir como ferramenta de autonomia e valorização das identidades quilombolas. Mais do que estudar, estamos aprendendo com o povo do Cocalinho sobre o verdadeiro sentido de preservar um território que é corpo, alma e história.”
Já o presidente da Associação Quilombola do Cocalinho, João Carlos de Vasconcelos Soares, destaca a importância do projeto para as novas gerações da comunidade:
“Essa pesquisa ajuda a gente a mostrar para os mais jovens de onde viemos e por que precisamos continuar cuidando dessa terra. O professor Régis vem somando com a gente, respeitando nossa história e mostrando que o quilombo não é coisa do passado — é presente e é futuro. A memória do Cocalinho é viva e precisa ser contada por quem faz parte dela.”
A orientadora da pesquisa, professora Vanessa Diniz, ressalta que o projeto reflete uma nova postura da universidade diante dos territórios tradicionais:
“Este trabalho é um exemplo de pesquisa comprometida com a transformação social. Ele parte de uma escuta sensível, que reconhece os quilombolas como produtores de conhecimento. A educação patrimonial decolonial não se limita a preservar objetos ou lugares, mas sim a valorizar as experiências e as vozes que sustentam a vida comunitária e o pertencimento territorial.”
O trabalho de campo inclui entrevistas com moradores mais antigos, oficinas de memória, levantamento fotográfico e registros sobre práticas culturais e modos de vida tradicionais. Além de contribuir com a formação acadêmica, o projeto pretende gerar materiais educativos e expositivos que ficarão disponíveis para a própria comunidade e para ações culturais futuras da AAMAR.
A pesquisa representa um importante passo para consolidar uma Educação Patrimonial decolonial, que reconhece os saberes locais como legítimos e essenciais na construção de políticas de preservação e valorização das identidades afro-brasileiras no Tocantins.
Os resultados parciais serão apresentados em eventos científicos e culturais da UFNT e, posteriormente, servirão de base para a criação de uma exposição comunitária e um livro de memórias do Quilombo Cocalinho, reafirmando o compromisso do projeto com o fortalecimento da memória e da identidade quilombola no Norte do Estado.



